Uso de diuréticos na rotina clínica.

Introdução


O uso de diuréticos é amplamente difundido na clínica médica de cães e gatos, especialmente em pacientes com cardiopatia ou outras enfermidades que tenham como consequência a formação de edema ou coleções líquidas em diferentes locais do organismo.

Os diuréticos são classificados de acordo com o local e mecanismo de ação dos mesmos, podendo ser utilizados sozinhos ou associados. Os fármacos mais comumente utilizados são os diuréticos de alça, que tem como importante representante desse grupo a furosemida. Devido às características farmacocinéticas e farmacodinâmicas, os diuréticos podem ter ação em poucos minutos, proporcionando ao paciente rápida melhora das manifestações clínicas. Os mecanismos de ação e a classificação dos diuréticos frequentemente prescritos para os cães e gatos, assim como as aplicações clínicas, os efeitos benéficos e colaterais, serão abordadas neste informativo técnico.

Classificação dos Diuréticos

Os diuréticos atualmente são classificados em cinco grupos a saber:

Diuréticos de alça

Os diuréticos de alça possuem alta potência diurética e se caracterizam por atuar na porção espessa e ascendente da alça de Henle dos túbulos renais dos néfrons (Figura 1). Estes diuréticos podem inibir em até 20% a reabsorção de sódio, cloro e consequentemente a água, além de aumentar a excreção de potássio. Os principais representantes desde grupo de diuréticos são a furosemida e a torasemida


furosemida inibe o transporte de sódio e água no ramo ascendente da alça de Henle e atua inibindo a reabsorção de sódio e cloro junto com a perda de potássio. A diurese por furosemida resulta dessa excreção aumentada de sódio, cloreto, potássio, hidrogênio, cálcio, magnésio e, possivelmente, fosfato. É considerada uma droga valiosa em situações de emergência, pois tem rápido início de ação e curta duração. Ela possui propriedades vasodilatadoras, aumentando a perfusão renal e diminuindo a pré-carga cardíaca. Pode ser administrada dentro de uma ampla faixa de doses, além da utilização crônica ou em terapia emergencial.

torasemida é outro representante dos diuréticos de alça, considerada um fármaco potente com estrutura química semelhante aos tiazídicos, combinando assim, efeitos de ambos os grupos. Comparada a furosemida, a torasemida apresenta mecanismo de ação semelhante, porém existem diferenças entre o tempo de ação e duração do efeito desses dois fármacos. Sua utilização vem aumentando, mas ainda é considerado restrito a casos específi cos devido a refratariedade ao tratamento com outros diuréticos.

Tiazídicos

Os diuréticos tiazídicos são considerados diuréticos de potência média e tem como local de ação o túbulo renal contornado distal (Figura 1). Inibem entre 5 e 10% a reabsorção de sódio, cloro e potássio e possuem farmacocinética semelhante à furosemida e ação sinérgica quando associados a mesma. A hidroclortiazida é o principal fármaco pertencente a este grupo de diuréticos.

Poupadores de potássio

Os diuréticos poupadores de potássio, como a espironolactona, apresentam baixa potência diurética, pois o bloqueio na reabsorção de sódio na porção distal dos túbulos contornados distais e ductos coletores é menor que 5% (Figura 1). A espironolactona exerce efeito competidor com os receptores de aldosterona e por este motivo é considerado um fármaco antagonista da aldosterona retardando a fi brose miocárdica presente no processo de ICC.

Inibidores da anidrase carbônica

Os inibidores da anidrase carbônica possuem baixa potência diurética e inibem a reabsorção de bicarbonato (HCO3 -), principalmente nos túbulos contornados proximais e distais e em outros segmentos do organismo (Figura 1) que envolvem transporte iônico de H+ ou HCO3 - . O principal representante dos inibidores da anidrase carbônica é a acetazolamida.


FIGURA 1: Representação esquemática do néfron demonstrando os principais locais de ação dos diuréticos. IAC: Inibidores da anidrase carbônica (acetazolamida), PK: Poupadores de potássio (espironolactona), osmóticos (manitol e glicose), diuréticos de alça (furosemida e torasemida) e tiazídicos (hidroclortiazida).

Aplicações Clínicas dos Diuréticos

As situações que demandam o uso de diuréticos na clínica de pequenos animais podem ser divididas em três grupos: Grupo 1 (Animais com aumento da volemia), Grupo 2 (Animais normovolêmicos) e Grupo 3 (Animais com diferentes estados de volemia) (Quadro 1).


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